quinta-feira, 26 de julho de 2012

Astronomia, um desafio que o Brasil e seus vizinhos assumem com convicção

Isabel Saco.
Genebra, 3 jul (EFE).- A incorporação do Brasil ao ambicioso projeto de construção do maior telescópio do mundo, no observatório La Silla, no Chile, oferece uma oportunidade inigualável para o avanço da astronomia nos dois países e em outros da região com tradição na pesquisa do espaço, como a Argentina.
Esta é a percepção do astrofísico suíço Michel Mayor, que descobriu em 1995, ao lado de Didier Queloz, o primeiro planeta fora do sistema solar (exoplaneta). Desde então, já foram encontrados cerca de 800 exoplanetas.
Em entrevista concedida à Agência Efe, Mayor relembrou suas visitas a trabalho, durante os últimos trinta anos, para o norte do Chile, uma região que considera 'excepcional' para a observação do espaço.
É no Observatório de La Silla, situado em pleno deserto, a 600 quilômetros de Santiago e a uma altura de 2.400 metros, onde será construído o telescópio mais potente do mundo, com uma lente de 40 metros de diâmetro.
O Brasil, após ter se transformado no primeiro país não europeu membro do Observatório Europeu Austral (ISSO), participará do projeto, que precisará mais de dez anos de avaliações e estudos para confirmar sua viabilidade financeira e técnica.
Para Mayor, o Brasil irá se beneficiar do conhecimento adquirido pela instituição.
'É normal que o Brasil destine recursos para a astronomia e a melhor solução foi se aderir ao ISSO, pois não fazia sentido para eles tentarem construir meios de observação para competir com os que já existem', explicou.
Sobre o Chile, o astrofísico destacou que o país desenvolveu 'uma astronomia de ponta' e que uma razão para isto foi o acesso a instrumentos sofisticados espalhados em diferentes observatórios localizados no Deserto do Atacama.
Os cientistas chilenos têm direito a 10% do tempo utilizado nos telescópios instalados em seu território, o que foi um grande estímulo para a astronomia no país e uma das razões para o aumento do número de profissionais da área.
Mayor também comentou os avanços na pesquisa espacial, como o fato da sonda americana Voyager 1, lançada em 1977, estar prestes a chegar no limite do sistema solar.
Alguns astrônomos veem com preocupação os grandes recursos destinados para este fim, mas Mayor não compartilha esse temor porque acredita que a observação realizada do próprio espaço 'não vai substituir a astronomia feita na terra', mas sim complementá-la.
Em mais de quarenta anos dedicados à física e à observação do universo, o cientista acompanhou a evolução da astronomia e aponta o avanço que mais o impressionou: 'a aceleração da expansão do universo'.
'Isto colocou em questão muito do que compreendemos do universo e de seus mecanismos físicos', disse Mayor, que liderou a equipe que desenvolveu o primeiro espectrógrafo, um instrumento que associado a um telescópio permite estudar a luz das estrelas e descobrir a presença de um ou mais planetas sob sua órbita.
Michel Mayor e Didier Queloz receberam recentemente em Madri o Prêmio Fundação BBVA 'Fronteiras do Conhecimento' na categoria Ciências Básicas. Muitos cientistas consideram Mayor um candidato a receber o Prêmio Nobel de Física. EFE

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